Trabalhando
em Santarém desde 18 de novembro do ano passado, a médica cubana Rita
Elena Novo Aguilera, 52 anos, dos quais 27 são dedicados à medicina,
tomou a iniciativa de acompanhar a equipe de agentes comunitários de
saúde do bairro Livramento para conhecer de perto a realidade dos
pacientes que ela atende no posto e das pessoas que por sua idade
avançada ou mobilidade reduzida não conseguem chegar até à unidade de
saúde.
Quanto
ao pagamento pelo trabalho que desempenha dentro do programa “Mais
Médicos”, Rita não revelou valores, mas disse que tem sido suficiente
para se manter e está de acordo com o contrato firmado entre os governos
brasileiro e cubano.A médica divide uma casa com outra colega cubana
que foi lotada na UBS da comunidade Guaraná.
A
prefeitura de Santarém, através da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa)
arca com as despesas de moradia (aluguel) e transporte dos médicos
cubanos designados para o município e dá ainda uma ajuda de custo no
valor de R$ 500 para cada um.
A médica
tira um dia da semana para percorrer as residências do bairro de acordo
com o cronograma de visitas das agentes comunitárias de saúde. A equipe
avisa com antecedência os moradores, a data que a médica fará a visita.
Médica Rita helena Novo Aguilera em visita domiciliar no bairro do Livramento. Foto: oestadonet.com.br
Ontem
(5) pela manhã, na residência de Eleotério dos Santos Ferreira, 87 anos e
Donata dos Santos Ferreira, 89 anos, o clima era de total entendimento
entre a médica e os pacientes. Eleotério e Donata contaram que são
hipertensos e têm problemas de visão. A médica conversou por alguns
minutos com os dois, prescreveu medicação, orientou sobre dieta
balanceada para uma visa mais saudável e estabeleceu com o casal idoso
uma relação de confiança, como deve ser entre médico e pacientes.
Em entrevista exclusiva à reportagem de O Estado do Tapajós,
Rita Aguilar, revelou que à vivência dentro do programa ‘Mais Médicos’
tem sido muito boa, mas não escondeu seu descontentamento com a
burocracia para a realização de exames e com a falta de estrutura das
unidades básicas de saúde.
“A
vivência é muito boa. Acho que o programa Mais Médicos tem muita
importância, sobretudo, nas áreas carentes de médicos e atenção básica. E
essas visitas domiciliares acho que terá um bom resultado, porque
muitas pessoas, principalmente os idosos e com problemas de visão que
tem dificuldade de chegar até o posto, enfrentar fila e passar quase
todo um dia para ser atendido. Através do bom trabalho das agentes de
saúde, elas identificam as pessoas que têm mais necessidade de consulta
médica e nós vamos até elas fazer esse trabalho uma vez por semana,
porque também o trabalho do posto muito tempo e as visitas não podem ser
mais contínuas”, declarou Rita Aguilar.
Com
relação ao trabalho de médica, Rita Aguilar conta que não há muita
diferença em Santarém do que ela fazia em Cuba, mas quando o assunto é
estrutura das unidades de saúde, ela conta que a burocracia dificulta um
atendimento mais célere.
“Eu
posso consultar 30 pessoas num dia, mas se tiver necessidade de receber
com rapidez o resultado do exame, o máximo que a gente consegue é de
três ou quatro pacientes. A maioria das pessoas que consulta comigo às
vezes demora um mês ou até mais para retornar com o resultado do exame
que eu solicitei. Em Cuba, há exames que se pode esperar, e exames que
precisam ser realizados com urgência. Aqui se tem muito problema, seja
para um simples exame de urina até uma ultrassonografia. Eu acho que não
precisaria investir tanto recurso para solucionar esse problema. Acho
que os exames poderiam ser feitos em um tempo mais breve”, enfatizou.
Médica cubana em visita domiciliar com equipe de ACS. Foto: www.oestadonet.com.br
Sobre as
patologias que costuma atender, Rita disse que também não há muita
diferença em relação as que ela tratou em Cuba. “Tuberculose é uma
doença que praticamente já não existe no meu país, e no posto do
Livramento também não há muitos pacientes com essa patologia. Hanseníase
tem um pouco no meu país, mas também não é uma coisa que prevalece
aqui. As doenças mais comuns são iguais: dores nos ossos, algum sintoma
digestivo provocado por parasitas, gripes”, relatou.
Apesar
das dificuldades enfrentadas pela falta de estrutura para desempenhar
seu trabalho, a médica cubana Rita Aguilar considera que a experiência é
positiva.
Rita
contou que nas horas vagas gosta de ir ao centro da cidade visitar as
lojas e também costuma confraternizar com famílias de pessoas
conhecidas. “Não sou pessoas de estar parada. Estou sempre fazendo algo