quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Médica cubana atende pacientes de casa em casa na periferia de Santarém

Silvia Vieira
Trabalhando em Santarém desde 18 de novembro do ano passado, a médica cubana Rita Elena Novo Aguilera, 52 anos, dos quais 27 são dedicados à medicina, tomou a iniciativa de acompanhar a equipe de agentes comunitários de saúde do bairro Livramento para conhecer de perto a realidade dos pacientes que ela atende no posto e das pessoas que por sua idade avançada ou mobilidade reduzida não conseguem chegar até à unidade de saúde.
Quanto ao pagamento pelo trabalho que desempenha dentro do programa “Mais Médicos”, Rita não revelou valores, mas disse que tem sido suficiente para se manter e está de acordo com o contrato firmado entre os governos brasileiro e cubano.A médica divide uma casa com outra colega cubana que foi lotada na UBS da comunidade Guaraná.
A prefeitura de Santarém, através da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) arca com as despesas de moradia (aluguel) e transporte dos médicos cubanos designados para o município e dá ainda uma ajuda de custo no valor de R$ 500 para cada um.
A médica tira um dia da semana para percorrer as residências do bairro de acordo com o cronograma de visitas das agentes comunitárias de saúde. A equipe avisa com antecedência os moradores, a data que a médica fará a visita.
Médica Rita helena Novo Aguilera em visita domiciliar no bairro do Livramento. Foto: oestadonet.com.brMédica Rita helena Novo Aguilera em visita domiciliar no bairro do Livramento. Foto: oestadonet.com.br
Ontem (5) pela manhã, na residência de Eleotério dos Santos Ferreira, 87 anos e Donata dos Santos Ferreira, 89 anos, o clima era de total entendimento entre a médica e os pacientes. Eleotério e Donata contaram que são hipertensos e têm problemas de visão. A médica conversou por alguns minutos com os dois, prescreveu medicação, orientou sobre dieta balanceada para uma visa mais saudável e estabeleceu com o casal idoso uma relação de confiança, como deve ser entre médico e pacientes.
Em entrevista exclusiva à reportagem de O Estado do Tapajós, Rita Aguilar, revelou que à vivência dentro do programa ‘Mais Médicos’ tem sido muito boa, mas não escondeu seu descontentamento com a burocracia para a realização de exames e com a falta de estrutura das unidades básicas de saúde.
“A vivência é muito boa. Acho que o programa Mais Médicos tem muita importância, sobretudo, nas áreas carentes de médicos e atenção básica. E essas visitas domiciliares acho que terá um bom resultado, porque muitas pessoas, principalmente os idosos e com problemas de visão que tem dificuldade de chegar até o posto, enfrentar fila e passar quase todo um dia para ser atendido. Através do bom trabalho das agentes de saúde, elas identificam as pessoas que têm mais necessidade de consulta médica e nós vamos até elas fazer esse trabalho uma vez por semana, porque também o trabalho do posto muito tempo e as visitas não podem ser mais contínuas”, declarou Rita Aguilar.
Com relação ao trabalho de médica, Rita Aguilar conta que não há muita diferença em Santarém do que ela fazia em Cuba, mas quando o assunto é estrutura das unidades de saúde, ela conta que a burocracia dificulta um atendimento mais célere.
“Eu posso consultar 30 pessoas num dia, mas se tiver necessidade de receber com rapidez o resultado do exame, o máximo que a gente consegue é de três ou quatro pacientes. A maioria das pessoas que consulta comigo às vezes demora um mês ou até mais para retornar com o resultado do exame que eu solicitei. Em Cuba, há exames que se pode esperar, e exames que precisam ser realizados com urgência. Aqui se tem muito problema, seja para um simples exame de urina até uma ultrassonografia. Eu acho que não precisaria investir tanto recurso para solucionar esse problema. Acho que os exames poderiam ser feitos em um tempo mais breve”, enfatizou.
Médica cubana em visita domiciliar com equipe de ACS. Foto: www.oestadonet.com.brMédica cubana em visita domiciliar com equipe de ACS. Foto: www.oestadonet.com.br
Sobre as patologias que costuma atender, Rita disse que também não há muita diferença em relação as que ela tratou em Cuba. “Tuberculose é uma doença que praticamente já não existe no meu país, e no posto do Livramento também não há muitos pacientes com essa patologia. Hanseníase tem um pouco no meu país, mas também não é uma coisa que prevalece aqui. As doenças mais comuns são iguais: dores nos ossos, algum sintoma digestivo provocado por parasitas, gripes”, relatou.
Apesar das dificuldades enfrentadas pela falta de estrutura para desempenhar seu trabalho, a médica cubana Rita Aguilar considera que a experiência é positiva.
Rita contou que nas horas vagas gosta de ir ao centro da cidade visitar as lojas e também costuma confraternizar com famílias de pessoas conhecidas. “Não sou pessoas de estar parada. Estou sempre fazendo algo

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