Nas tradições dos povos antigos há cerca de 290 histórias antigas de dilúvio, e todas com uma base comum: há uma grande catástrofe por conta de uma grande ofensa dos homens contra a divindade. O elemento do castigo que mata os homens e os animais pode ser a água, o fogo, o terremoto, etc.
Na Babilônia há quatro versões semelhantes de dilúvio, semelhantes ao da Bíblia. Note que Abraão foi oriundo da Mesopotâmia. Aos olhos da ciência é certo que não houve um único dilúvio universal.
Quando o texto bíblico fala de “terra inteira” e “todos os homens” não fala em sentido geográfico, mas religioso, hiperbólico (Gn 41,54.57; Dt 2,25; 2Cr 20,29; At 2,5) isto é, o gênero humano para o autor sagrado se reduzia àqueles que transmitiam os valores religiosos da humanidade.
A mensagem do relato do dilúvio (Gn 6-9) quer mostrar o seguinte: Deus é
santo e puro; Deus é justo; não pode deixar o mal imperar; Deus é
clemente; convida à conversão antes de corrigir. O dilúvio marca o fim
de um período da história religiosa da humanidade e marca o início de
uma nova era; é como se fosse o início de um novo mundo, onde Deus faz
aliança com Noé, o “pai” da nova humanidade.
Noé é uma imagem de Cristo. Noé salvou a humanidade pelo lenho da
arca, Cristo vai salvá-la pelo lenho da cruz, do dilúvio do pecado. A
arca de Noé é uma figura da Igreja; assim como ninguém sobreviveu fora
da arca, ninguém se salva fora da Igreja. Todos os que se salvam, mesmo
que não pertençam à Igreja, se salvam por meio de Cristo e da Igreja,
ainda que não saibam disso;As águas do dilúvio são figura do Batismo, que pela água dá vida aos fiéis e apaga os pecados; o dilúvio, como nova criação, prefigura “os novos céus e a nova terra” (2Pe 3,5-7.10) que haverão no fim da história.
Como se pode ver, esta visão da Igreja nada tem a ver com a visão apresentada no filme ‘Noé’.
Prof. Felipe Aquino
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